quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DIFÍCIL DE ENGOLIR


A disfagia é definida como dificuldade para deglutir ou sensação de comida “presa” na garganta ou no esófago. Entre as causas da disfagia estão a obstrução mecânica e os distúrbios na motilidade dos músculos da cavidade oral, da faringe ou do esófago, acidente vascular cerebral, traumatismo craniano, demência, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, miastenia gravis, esclerose lateral amiotrófica, distrofia muscular, cancro da cabeça e do pescoço, longos períodos de entubação e o uso de medicamentos que alteram a produção de saliva ou o tónus muscular.


Quando alguém começa a tossir durante a refeição, demora mais do que o normal para a terminar, evita alguns tipos de alimentos ou se engasga com facilidade, é bem provável que tenha algum distúrbio de deglutição.

Considerado o processo neuromuscular mais complexo do corpo humano, a deglutição apresenta componentes voluntários e involuntários que chegam a durar apenas poucos segundos. Isso acontece em quatro fases: a preparatória, na qual ocorre a apreensão do bolo alimentar; a oral, quando o bolo alimentar já se encontra na cavidade oral, sendo preparado para ser ejectado na faringe.

A seguir, na fase faríngea, inicia-se o reflexo da deglutição, e a fase involuntária em que ocorre a protecção das vias aéreas inferiores e o bolo alimentar é direccionado para o esófago. É nessa fase que se inicia o relaxamento da transição faringo-esofágica, que abre a luz do esófago, permitindo a passagem do alimento até ao estômago. Aliadas ao controlo motor que é imprescindível para o transporte seguro do bolo alimentar, essas últimas fases são muito importantes quanto à sensibilidade.

Congénita ou adquirida

Frequentemente, as pessoas com problemas neurológicos manifestam dificuldade na deglutição. O paciente que tem a pressão intracraniana elevada ou os nervos cranianos danificados pode ter os movimentos da língua enfraquecidos ou desorientados, prejudicando a realização da fase oral. Esse paciente apresenta dificuldade em formar e movimentar o bolo alimentar na cavidade oral, o que resulta na permanência desses alimentos na área do sulco lateral inferior das bochechas e dos dentes.

A disfagia acomete crianças e adultos, podendo ser congénita ou adquirida. No caso, a deglutição ocorre de forma imprecisa ou lenta para o alimento líquido, pastoso ou sólido, sendo prejudicada por processos mecânicos que dificultam o transporte do bolo alimentar como falta de secreção salivar, fraqueza das estruturas musculares responsáveis pela propulsão do bolo ou disfunção de rede neural reguladora da deglutição.

De acordo com especialistas, a disfagia não é uma doença, mas um sintoma de doença que pode ser congénita ou adquirida, permanente ou transitória, possibilitando a má qualidade de vida e até colocando-a em risco. O problema está relacionado com as doenças respiratórias. Entre 7% e 10% dos casos manifestam-se em pessoas com idade acima dos 50 anos. Por isso, o diagnóstico deve ser minucioso, considerando as eventuais complicações decorrentes do problema.

O caminho para a recuperação

A reabilitação não significa exclusão do défice, mas a garantia de que as actividades rotineiras podem ser retomadas com funcionalidade, mesmo pelos caminhos distintos daqueles trilhados por indivíduos sem comprometimento.

A reabilitação dos doentes disfágicos deve, preferencialmente, ser conduzida por uma equipa interdisciplinar, composta por um terapeuta da fala, um nutricionista, um fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional, um psicólogo, um médico de clínica geral, um neurologista, um gastroenterologista, um otorrinolaringologista, um pneumologista e um geriatra.

Durante o período de reabilitação, a dieta deve ser indicada especificamente para cada caso. É necessário desenvolver programas que tenham por objectivo primordial educar, orientar e treinar o paciente disfágico e quem cuida dele, na reorganização da uma deglutição eficiente.

Os especialistas ressaltam a importância da realização de uma anamnese precisa para que o diagnóstico e a caracterização do tipo de disfagia sejam correctos. Dessa forma, torna-se importante observar que tipo de alimento desencadeia o problema, se este é intermitente ou progressivo, o tempo da evolução, existência de dor torácica e sintomatologia nocturna.

Neusa Pinheiro
Jornalista
Fonte: Medicina Social

Um comentário:

  1. Olá
    A informação sobre a disfagia e o impacto que causa para os pacientes é bastante interessante. Mas creio que esta orientação não foi feita por um profissional brasileiro pelo fato de indicar o tratamento e reabilitação por vários profissionais menos o profissional habilitado para corrigir este problema, o fonoaudiólogo.
    Acredito, que como já referi acima, que a informação deva ser de um país onde estas questões são tratadas de maneira diferente daqui.
    A informação sobre alteração da deglutição é muito importante para todos nós.
    Obrigada.
    Mirella

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